Tribuna Valgode
Tribuna Valgode
Entrevista com Tavares Sousa Miguel
A pessoa que hoje vou entrevistar é jornalista, advogado, cronista e escritor, estas são algumas das facetas deste homem . Sua longa carreira tem sido um espinho na carne para muitos políticos, jornalistas e alguns escritores ! Seus pais devoravam a leitura e foram versáteis na escrita! O filho Tavares Sousa Miguel saiu aos seus.
José Valgode, jornalista ( J. V . )
Gostaria de perguntar se pertence alguma coisa ao Senhor Miguel Sousa Tavares, autor do livro “ Rio das Flores?”
Tavares Sousa Miguel, jornalista ( T. S. M. )
Somos parentes, mas eu tenho um estilo diferente de escrita do meu parente Miguel Sousa Tavares. Eu procuro escrever de tal modo que ninguém questione meus textos, daí o meu último livro intitulado “ Só é Jornalista Quem Pode “.
J. V. : Quão exacto deve ser um jornalista ou escritor? Pois não existem muitos outros jornalistas como o senhor aqui em Portugal?
T. S. M : Não sei exactamente quantas centenas, ou até milhares de jornalistas haverá neste pais. Mas o meu último livro que publiquei com o tema :“ Só é Jornalista Quem Pode “, descreve o que se espera de um jornalista.
J. V. : Quer o senhor Tavares Sousa Miguel dizer que os outros jornalistas se espera mais deles? Diga-me por favor especificamente alguns pontos que se espera de um jornalista!
T. S. M : O primeiro ponto que se espera de um jornalista, é : Exactidão naquilo que escreve e publica! A exactidão das declarações prestadas pelos jornalistas, devem ser correctas e exactas. É isso que se espera de um jornalista. O jornalista nunca deve insinuar, dando a entender, que algumas pessoas, a que ele se venha a referir, sejam “ todas as pessoas “ e que algumas pessoas, não se transformem, em “ toda a gente “. Por que exagerar nas informações, e divulgar uma notícia que não se confirme, ou que prove ser errada, é muito grave, e pode causar sérios prejuízos, e por cima põe em dúvida sua veracidade como jornalista, e ainda mais grave, sua credibilidade como pessoa que é posta em causa!
J. V : Isso significa então que tem sentido o tema de seu livro Só é Jornalista quem Pode “ ?
T. S. M: Certamente, se você for sempre exacto nas suas declarações, ganhará uma impressão favorável como pessoa e jornalista. Para que seja este tipo de jornalista, terá de refrear-se de várias coisas indesejáveis, a saber: evitar jornalismo sensacionalista, especulativo, parcial, preconceituoso.
J. V. : Significa então que há certas notícias que um jornalista não publicaria e rejeitaria?
T. S. M : Exactamente, pois alguns jornalistas não raro seleccionam notícias que fascinam o público. Mas que na verdade, por vezes, não tem real significado. Infelizmente alguns jornalistas, dão prioridade ao que é sensacional e atraente, mas muitas vezes são criticados, ou até processados, e quando isso acontecer rebaixa a profissão e o exercício daquilo que deve ser o jornalista.
J. V. : Como jornalista, o que os jornais devem evitar?
T. S. M: Os jornais e jornalistas devem evitar escrever e publicar notícias sensacionalistas, que deturpam o quadro real completo da notícia, e do assunto. Mas devem ser precisos, exactos em pormenores. Por isso deveriam perguntar-se primeiro: De que fonte ouvi isso? É mesmo confiável? Posso mesmo publicar tal assunto, sem que ninguém me questione com legitimidade, ou pior ainda prove que tal assunto é falso, incompleto, parcial ou tendencioso?
J. V. : Significa então que as fontes das informações terão antes de ser provadas?
T. S. M : Se isso não for feito pode trazer maus resultados e consequências. O jornalista deve certificar sempre as fontes onde obteve as informações, se estas também podem ser provadas por outras fontes diferentes e credíveis.
J. V. : Quão honesto e preciso de ser um jornalista?
T. S. M : Se um jornalista não for honesto para com sua profissão, e para com seu publico leitor. Tal jornalista pode causar muito dano à sociedade, pois está em parte, transmitindo notícias falsas, ou meias verdades, e estas por sua vez, são divulgadas como sendo a verdade para os incautos.
J. V.: O que um jornalista honesto rejeitaria e não publicaria?
T. S. M : Não publicaria dados exagerados que promoveriam algo duvidoso, como também seria uma notícia inverídica.. Evitaria também o lado mais conveniente de um assunto, ocultando o quadro geral dum problema. Pois informar e transmitir notícias verídicas, é mais do que simplesmente relatar acontecimentos, fazer algumas perguntas, ou repetir coisas que outros disseram. Existem centenas ou milhares de jornalistas neste país; no entanto reafirmo: “ Só é jornalista quem pode” . Quantos existem que não levam em conta nada daquilo que estamos aqui tratando nesta entrevista!
J. V. : Acha que há muitos jornalistas que ousam desafiar certas mentiras ?
T. S. M : Alguns jornalistas ousam desafiar certas mentiras, mas por que não estão capacitados com certas matérias, eles mesmo não passam de uns meros perguntadores e algumas vezes, até são enrolados por aqueles a quem estão entrevistando.
J. V. : Pode citar um caso recente e concreto onde isso aconteceu com alguns jornalistas?
T. S .M : Vou citar relatos bem recentes que alvoraçaram o pais com um escritor que lançou um livro e não vi um único jornalista que mostrasse capacidade de desmentir, provar ao escritor entrevistado que ele faria bem era ir arrancar batatas e ter vergonha daquilo que afirmava perante dezenas de jornalistas e estacões televisivas, que fizeram eles, limitaram-se a ser meros ouvintes e depois ainda dando crédito ao escritor, publicaram aquilo que ele disse!
J. V. : Diga especificamente a que assunto se está referindo?
T. S. M : Estou me referindo ao domingo dia 18 de Outubro 2009 quando os “ media “ noticiaram as inflamatórias palavras do escritor José Saramago sobre seu último livro “Caim”.
Saramago afirmou perante todo o país, que Deus não existe, nunca ninguém o viu; um jornalista um pouco melhor informado, poderia responder ao escritor dizendo que existem tantas coisas que nós não vimos, mas elas existem: O escritor não ve o seu cérebro, mas ele tem um, ou não?! Prova disso é que pensa para escrever. A electricidade nós não a vimos, mas ele existe, vimos o seu efeito quando se acende uma luz. O vento não o vimos, mas é muito poderoso, as leis da gravidade e etc. O escritor que se auto proclama ser “ ateu “ . Não houve uma viva alma que perguntasse ao escritor, para que ele então provasse que não existe um Criador, e de onde surgiu a vida e a primeira célula. Se os maiores cientistas no mundo não têm a resposta; poderiam perguntar-lhe se o escritor as tem!
J. V. : Quais seriam algumas das perguntas que você como jornalista tinha feito ao escritor ?
T. S. M : Eu gostaria que o escritor José Saramago me respondesse às seguintes perguntas :
1.o Por que não vimos agora coisas vivas evoluindo de uma espécie para outra?
2.o Por que os animais e as plantas se reproduzem apenas segundo a sua espécie? ( Génesis 1:11, 21, 24-28).
3.o Como a vida poderia surgir de algo sem vida ? ( Salmo 36:9)
4.o Que futuro a evolução oferece para a humanidade?
Estas perguntas eu tinha feito ao escritor José Saramago! Mas não vi nenhum jornalista capacitado até hoje que lhe fizesse estas perguntas !
J. V. : Mas não tem o escritor o direito de ter suas convicções?
T. S. M : Todos tem e devem expressar suas convicções, politicas ou religiosas, ou ateístas, mas eu espero também, que um cientista honesto me prove que a vida veio através da evolução e não da criação! Dizer só: Não creio em Deus não basta, dizer somente que não existe um Criador e Legislador sem dar provas também não basta. Se não daqui a pouco o escritor Saramago, talvez afirme que foi ele quem criou o universo e ninguém o interroga como foi desta vez, e todos lhe dizem amem .
J. V. : Não era essa a reacção que esperava que esperava dos jornalistas?
T. S. M : De modo algo! Eu esperava que alguém fosse capaz de provar que o escritor que já tem idade para ser mais educado, respeitador e que engolisse todas as patranhas que vomitou!
Estou convicto que faz toda a diferença aquilo em que nós cremos! O escritor demonstrou que é uma pessoa amarga e sem objectivo na vida! A evolução não pode dar um objectivo à vida.
J. V: O senhor é alérgico a muitos encontros de escritores?
T. S. M : Só mesmo em condições excepcionais. Não tenho mesmo o espírito gregário de classe. Também quanto a escritores, “ Só é escritor quem Pode “ . Eu vejo toda a diferença entre o escritor que se pode aprender de seus livros, e aquele que escreve uma estória bonita, mas não passa de uma simples estória!
J. V. : Segundo sei o senhor não publica qualquer coisa, como mais um produto de “ marketing” .
T. S. M : Meu objectivo como escritor e jornalista visa ser educador da sociedade, e não só vender livros. Meus temas tem que fazer raciocinar as pessoas, que elas possam ver, que se aplicarem certas ideias, ou sugestões que serão mais felizes, e mais bem sucedidas no dia a dia. Ou seja algo que informe, eduque e que funcione quando posto em prática, esse é meu alvo como escritor e jornalista!
J. V. : Está preparando alguma critica ou resposta levantado por Valente e Polido ?
T. S .M : O ditado popular diz: Os cães latem mas a caravana passa. Se alguém não conhece o conteúdo de meus livros, não os pode criticar, nem comentar! Sei que meus livros não são do agrado de muitos, mas nem Polido nem qualquer outro Valentão pode provar que aquilo que escrevo não seja a verdade, e aí faz toda a diferença. Não procuro ser popular. Mas raciocinar para tirar alguns da pura ignorância literária.
J. V. : Pode descrever em poucas palavras por que intitulou o seu último livro “ Só é jornalista quem pode “ .Todos os outros também são jornalistas como você, ou não?
T. S. M : Obrigado por sua pergunta, mas eu espero muito mais de qualquer jornalista ou escritor! O que se espera não é que essa pessoa escreva bem, seja talentoso e engraçado,
o que eu espero dos jornalistas do meu país, é que não sejam uns meros perguntadores quando fazem entrevistas, ou se limitem só a repetir aquilo que outros já disseram. Visto que os jornalistas que descrevi não os vejo actuar plenamente! Eu repito, que “ Só é jornalista quem pode “ e que não basta apenas ter uma carteira ou qualquer diploma!
O jornalista que visualizo, deveria ser aquele que pudesse ajudar uma sociedade mergulhada em muita ignorância religiosa, social, cultural e política. Daí ser um jornalista que dominasse todas estas facetas !
Freitag, 14. Januar 2011