A Grande Bebedeira do Poema
A Grande Bebedeira do Poema
Entre muitas opções: partir e chegar
Eu opto por partir para uma aventura,
Mas também opto por aqui ficar
Dando ternura à poesia até se calar.
O poema apanhou uma bebedeira
De caixão à cova, mesmo à maneira;
E começou a delirar como um vulcão
Dizendo: De amores sabia Camões
Que matava a nefasta sede da paixão
Escrevendo versos ás donzelas da corte
Nas madrugadas em que seu peito
Vilão pateta expelia incenso e mirra.
Apertou dois braços de marfim
Depois sonhou em travesseiros de cetim
Para os lados do passo da rainha.
Entre o partir e o chegar
Prefiro partir para a aventura
E chegar na hora da sesta do guerreiro
Que sem lança luta contra o vento
Da apatia de quem pouco lê
Que é o resultado de ver muita TV.
Entre beber água ou beber vinho
Procuro ser moderado com a água
Não exceder no moscatel, mas sim no carinho.
Ente os Prosadores e os Poetas
Prefiro os dois: Alguns poetas são patetas
E muitos prosadores uns impostores.
Entre a lucidez e a bebedeira
Prefiro as duas: Rejeito a que produz cirrose
Mas não poupo uma bebedeira de poesia,
Os poetas sabem tudo sobre o amor e versos
São chatos mas entendidos em canções
E não querem perder de vista a poesia
Que é esquiva fugitiva saliva e matreira
Oásis de promessas e vulcão de paixão.
Entre beber água-pé e escrever poesia
Prefiro cada dia, saborear a bebedeira do poema .
20.01.2013